segunda-feira, 31 de março de 2008


SOLIDÃO
O cheiro da solidão não é uma ilusão, ela tem até sabor, um gosto amargo de dor. Ela é vazio sem significado. Ela é silêncio redobrado. Ela é um instinto exacerbado. Ela é passo desgovernado. Ela é uma ansiedade presa em total liberdade. Ela é um destino sem rumo, uma falta de prumo, um triste amanhecer. Solidão é fim de noite acompanhada apenas de lua desmistificada. É raiar do dia com sono, é cama e travesseiro em total abandono. É não ter com quem tomar o café, nem mesmo jantar. Solidão é não ter com quem trocar um olhar. Solidão é o nada acompanhado de tudo, dos maiores absurdos. É acordar e não ter onde ir, e não ter sono e querer dormir. É reler o que já foi lido é comer o que já foi comido é beber para ter alívio. É tentar esquecer o que não foi resolvido. É imaginar um amor ou pelo menos um amigo. Solidão é falta de não sei o quê ou de tudo aquilo que não pôde acontecer. Solidão é uma caixinha trancada sem chave, vazia, sem nada, completamente danificada. É o grito que não pode ser dado, é uma saudade do passado, é um sentimento desgovernado. É a perda da auto-estima, são palavras que não encontram a rima. É um caminho sem chão, um corpo sem paixão. Solidão é um ato violento, um acontecimento sangrento. E ninguém nota, ninguém percebe, ninguém vê, somente você.
( Silvana Duboc )

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